Bem-vindos!!!!

Este blog foi criado para professores de 4º e 5º ano que encontram dificuldades para achar atividades. Algumas são criadas por mim e outras selecionadas dos grupos que participo. Se alguma atividade é de sua autoria me escreva para que dê os devidos créditos. Revise o conteúdo antes de utilizar. Não possuo os gabaritos. Tenho apenas as atividades.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Cegonha e a Tartaruga

. 
    – Vou partir para as terras quentes do Sul – declarou a cegonha com visível orgulho. – Desde que anunciaram tempos difíceis, não penso noutra coisa.
– Quem é que anunciou tempos difíceis? – perguntou a tartaruga com um bocejo.
– O boletim meteorológico. Falou de vento, chuva, frio, enfim, só de coisas desagradáveis. E eu,
sempre que posso, fujo do que me aborrece.
– Foge?
– Bom, é uma força de expressão. Sabes que aproveito todos os pretextos para uma viagenzinha.
Certa de que despertaria inveja, a cegonha pôs-se a descrever as delícias de que desfrutava nas suas viagens:
   – Oh! Levantar voo, bater as asas, lançar-me à aventura! Hoje uma terra, amanhã outra... Você sabe lá o que se encontra por esse mundo fora. Há cada animal!
– Imagino – respondeu a tartaruga.
– Não imagina, não. Ora diga, consegue fazer passar pela tua cabeça uma manada de bichos que parecem pacíficos e de trato fácil, mas que afinal são indomáveis e nunca nada, nem ninguém
conseguiu domesticar?
– Nada mais simples, são zebras.
Um pouco desconsolada, a cegonha insistiu:
– E um mastronço de pele dura como sola, míope, neurótico e com um chifre só?
– Nada mais fácil. É o rinoceronte.
  A cegonha já estava  ficando irritadíssima [...]. Cheia de más intenções, perguntou de novo:
– Já viu uns pássaros coloridos que falam, falam, mas não dizem nada, porque se limitam a repetir o que outros já disseram?
Pachorrenta como é de seu natural, a tartaruga abanou a cabeça, encolheu-se na casca, voltou a esticar-se. Parecia ter pouca vontade de responder.
  – Então? Perdeu a língua? Na verdade nunca encontrou nenhum destes pássaros.
– Ó filha, o que mais há por aí são papagaios.
Quase enraivecida, a cegonha começou a falar como uma matraca.
– E os bichos que carregam os filhotes numa bolsa até eles serem bem grandes? E as aves que
põem os ovos nos ninhos alheios, porque não estão para se cansar tratando das crias? E os grupos que  guincham com voz esganiçada, pouco se importando se incomodam ou não as pessoas? Conhece?
– Cangurus, cucos e macacos – foi a resposta seca.
A cegonha calou-se, descorçoada. E mais descorçoada ficou quando a tartaruga resolveu por sua vez fazer perguntas.
  – Então agora diga você que viaja tanto. Qual é a ave mais rápida do mundo?
A cegonha engoliu em seco, porque já cruzara com todas as espécies, mas nunca lhe ocorrera averiguar a que velocidades se deslocavam.
– Tolices – resmungou. – Queria que eu andasse cronometrando os voos de cada um? Tenho mais que fazer!
  – Bom, então diz onde é que os caracóis têm os olhos.
– Os caracóis? Sei lá! São tão pequenos que nunca me despertaram qualquer interesse. Gosto de animais grandes, porque só os grandes têm importância neste mundo.
A conversa tomara, afinal, o rumo inverso do que a cegonha pretendia. Tanto quis deslumbrar a
tartaruga com os seus conhecimentos e acabou fazendo uma triste figura. A outra sabia muito mais do   que ela! Isso a irritava, mas também a enchia de curiosidade. Como é que, sem sair de casa, uma pessoa podia estar tão bem informada? Não resistiu e perguntou. A tartaruga riu.
– Como é que eu estou bem informada? É muito simples, cara amiga…
– Então explique.
– Não explico. Vem comigo e verás com os teus próprios olhos. Segue-me!
  Lá foram então as duas, uma pela água e outra pelo ar. Depressa chegaram ao destino.
Uma gruta simpática, coberta de algas por fora e muito bem arranjada por dentro. Areia fofa, conchas, búzios e livros. Livros a não acabar mais! Uns de capa dura, outros de capa mole, com desenhos maravilhosos ou quase sem desenhos nenhuns, pequenos, médios, grandes, finos, grossos,
delicados, resistentes, mínimos e descomunais!
 – O segredo está aqui, na minha biblioteca. Não me desloco, mas viajo pelos caminhos da leitura. Só preciso de óculos, de curiosidade e de imaginação!

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Três Fábulas, Lisboa, Caminho, 2007

ATIVIDADES
Assinale com X a opção que completa a frase, de acordo com o sentido do texto.
 

1. Nesta fábula, uma cegonha e uma tartaruga encontram-se e ...

(A) combinam fazer uma viagem.
(B) conversam sobre o que sabem.
(C) falam sobre as suas viagens.
(D) inventam um jogo sobre animais


2. Durante o encontro com a tartaruga, a cegonha queria...

(A) partilhar com ela os seus desejos.
(B) falar-lhe sobre todas as suas viagens.
(C) mostrar que sabia mais do que ela.
(D) informá-la sobre a sua próxima viagem.

3. A expressão «engoliu em seco» (linha 36) significa que a cegonha ficou...

(A) calada, sem resposta.
(B) incomodada, com sede.
(C) esfomeada, sem comida.
(D) engasgada, com soluços.


4.  A tartaruga, para explicar como tinha aprendido tanto, resolveu...

(A) falar de outros animais.
(B) contar a sua história.
(C) mostrar a sua biblioteca.
(D) fingir que adivinhava tudo.


3 comentários:

  1. Coloco no blog como recebo as atividades. Não há como eu colocar a resposta de tudo.Quando recebo com respostas coloco no blog, mas se recebo sem coloco assim mesmo. Não há tempo suficiente para responder cada uma...
    abraços

    ResponderExcluir
  2. adorei e a melhor historia que ja vi

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário, é muito importante!!!