Ficou frio no Rio. Pouca gente na praia. Alexandre ia do Leme ao Posto Seis, do Arpoador ao Leblon com a caixa de sorvete pendurada no ombro. Não vendia quase nada. Sentava para descansar olhando o mar.
Um dia, um garoto chegou perto dele e falou:
- Negócio de vender sorvete na praia já era. Ainda mais com esse frio. Por que é que você não vai lá pro centro da cidade, lá pra Avenida Rio Branco?
- É mais quente?
- O negócio lá é outro: é arranjar táxi pra freguês.
- É o quê?
- Vou te explicar: lá na Avenida tem um movimento danado; gente assim querendo pegar táxi; quando aparece um, todo mundo corre, avança, é uma confusão. Então a gente faz o seguinte: fica de olho, quando vê o táxi chegando a gente corre e mete a mão na porta. O primeiro que meteu a mão na porta ganha o carro.
- Ganha? Como?
- Fica com o carro pro freguês.
- Mas onde é que ta o freguês?
- Ta na calçada esperando.
- Mas se ele ta lá mesmo, por que não é ele que mete a mão na porta?
- Vê se manja mais fácil, cara: pra meter a mão na porta, você tem que ir pro meio da rua, empurrar, correr, ter olho vivo, escapar de carro, de ônibus, de tudo que vai passando. Ta pensando que o freguês vai fazer isso, é?
- Hummm . . . E aí?
- Ora, e aí! O freguês dá um dinheiro pra gente, vai embora no táxi, e a gente fica outra vez de olho pra pegar outro carro.
- E dá bem no fim do dia?
- Diz que dá.
- Então amanhã eu vou pra lá.
Foi. Escolheu o lugar mais movimentado da cidade. Já tinha quatro garotos trabalhando naquele ponto. Fizeram cara feia quando viram Alexandre chegar (quanto mais gente querendo pegar o mesmo táxi, mais eles tinham que brigar). Empurraram Alexandre, xingaram ele, fizeram tudo pra ele ir embora. Mas a vida na praia estava muito apertada. Alexandre queria se ganhava mais um pouco, ficou.
Era duro. Tinha que escapara de ser atropelado, tinha que escapar de ser empurrado, tinha que escapar de tanta coisa, que chegava em casa de língua de fora.
Quando chovia, tudo ainda ficava mais difícil: táxi sumia, a briga aumentava, se ele não entrava na briga voltava pra casa sem tostão. E todo molhado, ainda por cima.
Alexandre juntava as gorjetas que os fregueses davam, e na hora do almoço ia num botequim lá perto e pedia um copo de leite com café e pão com manteiga. Curtia esse lanche até não poder mais. Mas um dia choveu tanto que ele passou o dia inteiro plantado na rua, passou a hora do lanche, escureceu, passou um bocado de táxi, mas ele não conseguiu apanhar nenhum. Voltou para casa tão desanimado . . .
O verão voltou; a praia ficou cheia de novo. Alexandre foi vender sorvete na areia outra vez. Ia andando com o mar do lado, olhando as meninas que passavam, chutando uma bola que caía perto.
Lygia Bojunga Nunes. A Casa da Madrinha.
Exploração do texto
1) “Alexandre não vendia quase nada”. (1,5)
a) O que e onde Alexandre vendia?
b) Por que ele não vendia quase nada?
2) Alexandre foi trabalhar no centro da cidade. (1,5)
a) Em que consistia esse novo “trabalho” de Alexandre?
b) Qual o motivo fundamental que determinou a mudança de trabalho?
3) O novo trabalho de Alexandre era muito difícil. Cite três dificuldades encontradas por ele. (1,0)
4) Diante dessas dificuldades, por que Alexandre não abandonou logo o trabalho? (1,0)
5) Qual o fato que determinou o abandono desse serviço na cidade? (1,0)
6) Além de contar as ações das personagens, o autor reproduz a conversa entre elas. Informe a personagem a quem são atribuídas as falas seguintes:
(1) Alexandre;
(2) o garoto. (1,5)
a) “- Mas onde é que ta o freguês?" ( )
b) “ – Ta na calçada esperando.” ( )
c) “ – Fica com o carro pro freguês.” ( )
d) “ – E dá bem no fim do dia?” ( )
e) “ – Diz que dá.” ( )
f) “ - Então amanhã eu vou pra lá.” ( )
7) Você acha que é justo uma criança trabalhar? Faça um comentário sobre isso. (1,5)
8) Dê dois adjetivos que, na sua opinião, podem caracterizar os seguintes substantivos apresentados no texto: (1,0)
Alexandre _____________________________________
trabalho ______________________________________
avenida __________________________________________
praia ________________________________________
8) Construa um pequeno parágrafo comentando sobre Alexandre. Nesse parágrafo devem aparecer adjetivos. Sublinhe-os. (1,5)
Você está tendo uma grande oportunidade em sua vida: o estudo. É um direito que você tem que deve ser muito bem aproveitado. Não perca a chance de construir um futuro melhor.
Valorize o estudo, valorize a escola. Afinal, você pode ser feliz! É só você querer.
Atividade enviada por Susana Felix para Professores Solidários.
querida estou sentido falta das tuas postagens. FELIZ PÁSCOA
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