Penteia o cabelo na frente do espelho. No alto da cabeça um punhado empina. Parece pena de índio. Ariel molha a escova quebrada na torneira da pia, que esquece aberta, e passa, devagar, uma porção de vezes, na mecha que empinou. Nada. O cabelo está lisinho, lisinho, repartido de lado e todo molhado, mas nada de a mecha obedecer. Está com cara de quem tomou banho como a mãe mandou. Ela nem vai perceber que deixou o chuveiro ligado e ficou lendo revistinha sentado no vaso. Reforça o disfarce, gritando:
- Ah, não dá, mãe! Olha só o jeito que o cabelo ficou!
A mãe não escuta porque exatamente nesse momento atende o encanador que veio desentupir o vaso. Ela tirou o avental, apagou o fogo debaixo do feijão, tem uma pilha de pratos esperando por ela dentro da pia. Atravessou a sala, o encanador atrás. Cruzam com o menino. De fato, o cabelo molhado tem cara de ter passado no chuveiro. Ela nem desconfia. Passa a mão na cabeça do menino.
O homem procede a todo um ritual. Tira os instrumentos da maleta, espalha-os ao lado da pia, desenrola um rolo de arame, forma uma espécie de bastão com ela, introduz no vaso e depois de forçar a passagem algumas vezes, diz: “é, está difícil.”
A pilha de pratos esperando na pia, a mãe pensa: será que tenho que ficar aqui até ele resolver?
Ariel olha o rosto no espelho do vestíbulo. Tem dentes grandes que a mãe diz parecer com coelho. Franze o lábio de cima e faz cara de fera: “agora tou parecendo um leão”, pensa.
- Mãe, o meu cabelo!
A mãe não responde. Ela é meio assim mesmo. Quando está fazendo alguma coisa, fica uma arara se a gente interrompe ela . Às vezes não diz nada, não responde. Mas pode ser também que ela dê um berro e mande a gente não encher. Mas o pior de tudo é quando ela responde baixinho, berra baixinho, e a gente vê que ela tá com um bruta raiva e que a raiva fica dentro dela quando a voz sai baixinho pela boca. E Ariel põe o uniforme, segura a pasta e esquece o lanche em cima da mesa. O pessoal está esperando por ele para jogar uma peladinha antes de começar a aula. E a mãe de papo com o encanador!
Hoje tem que fazer um gol. Hoje não joga na defesa de jeito nenhum. O Manoel vai engolir tantos frangos que não vai ter apetite no jantar.
Ri alto, sozinho. A irmã menor, que é uma chata, já vai dizendo: “tá bobo é, tá bobo é,” rindo de nada!
Pior que ter mãe que fica falando com encanador na hora de levar a gente pro ponto de ônibus é ter um irmã menor que a mãe protege dos cascudos da gente.
Dá um beliscãozinho, de leve, na Sônia, porque a mãe não está olhando.
- Mãe, tou indo. Senão chego tarde!
Mirna Pinsky. As muitas mães de Ariel.
Estudo do texto
1) Assinale a frase em que o autor conta os pensamentos da personagem.
a) “Penteia o cabelo na frente do espelho.”
b) “Parece pena de índio.”
c) “Ariel molha a escova quebrada na torneira da pia, que esquece aberta, e passa, devagar, uma porção de vezes, na mecha que empinou”
d) “Está com cara de quem tomou banho como a mãe mandou.”
2) Para fingir que estava tomando banho, o que fez Ariel?
3) A mãe não escutou o que Ariel disse. Por quê?
4) Enquanto o encanador tenta desentupir o vaso, o que pensa a mãe?
5) Ao se olhar no espelho do vestíbulo, Ariel só vê defeitos em si mesmo. Quais?
6) Explique o significado da expressão em destaque: “O homem procede a todo um ritual.”
7) Para Ariel: “Pior que ter mãe que fica falando com o encanador na hora de levar a gente pro ponto de ônibus é ter irmã menor que a mãe protege dos cascudos da gente.” Você concorda com Ariel? Por quê?
7) Como você se relaciona com seus irmãos maiores ou menores? Sai muita briga? Por quê?
8) Complete com mal ou mau:
a) O menino se deu ______________ quando quis enganar a mãe.
b) Ele é um rapaz ________ - intencionado. Não confie em suas promessas.
c) Ele não passa de um _______ caráter.
d) Que garoto _____criado. Não sei como consegue ser tão _______ com os irmãos.
9) Complete com por que, por quê ou porque.
a) __________________ , às vezes, os filhos se rebelam contra os pais? Não sei ___________ isso acontece. Talvez seja ____________________ acreditam já serem capazes de decidir sobre sua própria vida e não entendem que os pais, quando os repreendem é ___________________ os amam muito e só querem o seu bem.
b) Você insiste nesse assunto, _________________ ?
c) Não entendo _________________ você reclama tanto. _________________ não valoriza tantas coisas boas que existem em sua vida?
d) Os ideais _______________ lutamos são dignos e verdadeiros, ______ têm como objetivo a união, o respeito e maior fraternidade entre as pessoas.
e) “Eu não posso deixar que o tempo te leve jamais para longe de mim, _____________ o nosso romance é assim, tão lindo!”
10) Retire do texto:
a) três substantivos comuns: _________________
b) dois substantivos próprios: ___________
c) dois adjetivos: _____________________
d) três verbos: _______________________
Prezado (a) aluno (a)
Você vive uma das melhores fases de sua vida: novas experiências, novas descobertas, novas conquistas . . .
E isso tudo é muito bom, é muito saudável ...
E se tornará melhor ainda se deixar crescer também o amor, o respeito, a alegria, tornando mais feliz o meio em que vive. Seja sempre alguém a irradiar a paz!
E agora, responda com poucas palavras: Para você, o que é preciso para ser um adolescente feliz?
Atividade enviada por Susana Felix para professores Solidários.
Muito bom o seu blog! Magnífico o seu trabalho. E admirável a iniciativa de compartilhar dessa riqueza com tantos outros colegas.
ResponderExcluirParabéns!!!
Obrigada pelo carinho!!!
ResponderExcluirFico feliz que esteja sendo útil!! abraços!!