O meu nome é Leocádio, mas todo mundo me chama de Lelê. Só que eu quero mudar meu apelido para Bilê.
É que quando eu era pequeno, que foi no ano passado, perguntei para o meu tio Torero por que eu tinha que ter aula de português se eu já falava português.
Ele disse que eu tinha que aprender português bem direito para escrever que nem ele. Mas aí eu falei que já escrevia bem direito, tanto que de vez em quando eu fazia uns textos para o jornal dele, e que eu até recebia mais comentários no meu blog que ele no dele.
Então o meu tio, depois de engasgar com o bolo de chocolate que ele estava comendo, pensou um pouco e disse que eu tinha que aprender português melhor do que eu já sabia porque quem escreve bem tem namorada bonita.
Aí eu pensei e vi que era verdade, porque os amigos do meu tio Torero, o tio Veríssimo, o tio Zuenir e tio Bonassi são casados com umas bonitonas. Por causa disso, eu decidi caprichar nas aulas de português.
A minha professora de português se chama dona Maria Rosa Estevam Frangetto. Ela também é bem bonitona e deve ter uns sessenta anos. Na semana passada, a dona Maria Rosa falou de uma coisa que se chama prefixo.
O prefixo é um negócio que vem na frente da palavra e quer dizer alguma coisa. A dona Maria Rosa escreveu a palavra “prefixo” na lousa, aí separou o “pré” do fixo e disse:
- Por exemplo, pessoal, o “pré” de prefixo quer dizer o quê?
Ninguém falou nada, aí ela mesma respondeu:
- Quer dizer “antes de”, entenderam? Como em previsão, Pré-História e prefácio. Entenderam agora?
Todo mundo continuou calado. Ela percebeu que a gente não tinha entendido nada e tentou de novo:
- Vou dar outro exemplo: a gente tem prefixo “anti”, que quer dizer “contra”, como em anticristo, antibiótico e antitérmico. Entenderam?
A gente continuou calado. Nem o Aurelius, que é o maior CDF da classe, falou alguma coisa. Então a dona Maria Rosa explicou de novo:
- Olha, tem também o prefixo “a”, que quer dizer “não” e “sem”. Por exemplo, analfabeto é quem não conhece o alfabeto; arritmia é o que não tem ritmo; anormal é uma coisa que não é normal; acéfalo é sem cabeça e anônimo é sem nome.
Aí o Babão, que tem esse apelido porque um dia dormiu na classe e babou, perguntou:
- Então lá em Alagoas não tem lagoa?
O Babão é meio burro, mas dessa vez ele fez uma pergunta muito boa, porque a dona Maria Rosa teve que respirar fundo antes de responder.
- Não, Babão, quer dizer, Luizinho, nem sempre o “a” é um prefixo de negação. Às vezes ela faz parte da palavra, como em abacaxi e abacate.
- Ah, bom... – disse o Arlindo. – Eu já estava pensando que meu nome queria dizer não-lindo.
E aí, como o Arlindo é bem feio mesmo, todo mundo caiu na gargalhada, menos ele.
Depois que a gente parou de rir, a dona Maria Rosa falou de outro prefixo, o “bi”, que queria dizer dois. E deu uns exemplos: bicampeão é quem foi campeão duas vezes; biatlo é aquela competição que tem duas provas diferentes; bípede é quem tem dois pés; bicolor é o que tem duas cores; bimestral é o que acontece de dois em dois meses e a bicicleta tem esse nome porque tem duas rodas.
A gente começou a entender o tal do prefixo. E então a dona Maria Rosa disse que tem outros prefixos que significam números, que nem “tri”, que quer dizer “três”; “tetra”, que quer dizer “quatro”; “penta”, que quer dizer “cinco”; e “hexa”, que quer dizer “seis” e é uma coisa que o Brasil não é no futebol porque a Seleção jogou o maior ruim na Copa.
Aí todo mundo entendeu aquela coisa de prefixo e a gente começou a falar.
A Bibi perguntou o que queria dizer o apelido dela. Era “dois e dois” ou era “quatro”?
O Zepa, que se chama Zé Paulo e é o maior gordo falou que não quer mais bife, bisteca e biscoito. Agora ele quer trife, tetrasteca e pentacoito, que devem ser bem grandões.
Chamaram a Tereza de bisbilhoteira, mas ela falou que era só um pouquinho, uma bilhoteira.
Eu disse que ia mudar meu nome para Bile, que é duas vezes Lê, o que dá Lelê.
O Gabriel, que está sempre olhando as meninas, falou que ia dar um bibeijo na Bibi e fez um beicinho, mas ela respondeu que ele era binsuportável e botou um lápis no beicinho dele.
E o Aurelius, que é o maior CDF, disse que ele era binteligente, mas a dona Maria Rosa falou que aquela palavra não existia e então toda a classe começou a gritar “Biburro! Biburro!” e ficou a maior bibagunça. Só quem ficou quieta foi a dona Maria Rosa. Ela sentou na cadeira dela, deu um suspiro e disse baixinho:
- Essa turma ainda vai me deixar bibiruta...
(Fonte: TORERO, José Roberto. As primeiras histórias de Lelê. São
Paulo, Panda Books, 2007.)
1- Por que Lelê achava que não precisava ter aulas de português?
2. Que argumentos o tio de Lelê usou para convencê-lo a estudar português?
3. ASSINALe SOMENTE as afirmativas verdadeiras sobre a professora de Lelê:
a) Não desistia de explicar a matéria quando seus alunos tinham dúvidas.
b) Ela era bem novinha.
c) Era superbrava e todos tinham medo dela.
d) Não era muito bonita, mas Lelê gostava dela assim mesmo.
4. Que sinal deixava claro para a professora que a turma ainda não tinha entendido nada?
a) As crianças não paravam de conversar e estavam muito agitadas.
b) Apenas o melhor aluno da sala fazia comentários corretos sobre a matéria.
c) Alguns alunos estavam até dormindo.
d) Todos ficavam calados e não respondiam as suas perguntas.
5. LEIA E RESPONDA:
Aí o Babão, que tem esse apelido porque um dia dormiu na classe e babou, perguntou:
- Então lá em Alagoas não tem lagoa?
a) Como Lelê chegou a conclusão que daquela vez o Babão tinha feito uma pergunta inteligente?
b) Desta vez, Babão estava prestando atenção na aula? Explique.
6. Marque as alternativas verdadeiras sobre a turma de Lelê:
a) Os alunos sempre respeitavam uns aos outros.
b) Todos os alunos estavam desinteressados em relação ao que dona Maria Rosa explicava.
c) A turma entendeu o que era prefixo.
d) A turma fazia perguntas o tempo todo.
7. Produção de texto
Durante uma aula de português, a turma de Lelê ficou empolgada e se divertiu com uma matéria nova. Escreva sobre uma aula que você não esqueceu. Não se esqueça de dizer: quando a aula aconteceu, qual era o assunto, quem eram as pessoas envolvidas, o que aconteceu... Conte de forma que o seu leitor possa se sentir como se estivesse assistindo essa aula junto com você.
Márcia Alexandra
Legal. Já estava com saudades de suas postagens. Feliz Páscoa...!!!!!
ResponderExcluirBOA NOITE PROF HELENA SOU SUA FÃ E ADORO AS ATIVIDADES QUE AQUI ENCONTRO OBRIGADA PELA AJUDA QUE DEUS TE RECOMPENSE!
ResponderExcluirObrigada Professora Helena!!!! Que Deus continue te abençoando neste fim de ano!! Um natal de muitas bênçãos!!! bjss NATALIA
ResponderExcluirNatália, muito obrigada pelo carinho! Abraços!
ResponderExcluirParabéns, pelo belíssimo trabalho!
ResponderExcluirParabéns professora! sua atividades são de excelente qualidade! Parabéns!
ResponderExcluiroi
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