Brincar na rua

      A menina, no passeio quieto da rua, desenhou a giz, um retângulo. Depois, outro. E mais outro ainda. Os riscos brancos, no cimento frio, prendiam os olhos de quem passava. Pouca gente, que era Domingo e o meio-dia ainda vinha longe.

Pezinho no ar, pezinho no passeio, a menina entretinha-se só. Jogava a macaca, ágil, oito anos, um vestido de xadrez, os cabelos curtos, o narizito espetado, atrevido… de quando em quando, detinha-se no brinquedo, abeirava-se de um portal escuro (onde uma escada crescia, crescia…) e gritava:

—   Estou aqui mãe! Estou aqui!

E logo continuava o seu entretenimento, livre na manhã quieta de domingo. Que bom que fosse sempre assim!

… Mas a tarde chegou. A tarde chegou com pessoas, automóveis, movimento. E a menina, então à janela, ficou-se a ver os riscos de giz a serem calcados por este e por aquele… Sapatos, sapatões, sapatorros, iam apagando, lentamente, o traçado do giz branco no passeio cinzento.

De nariz espetado, atrevido, a menina foi ter com a mãe e pediu-lhe que se mudassem para uma casa que tivesse um pátio.

—   Um pátio?

A menina abriu a mão e mostrou o giz branco.

Pedro Alvim (adaptado)

Interpretação do texto

1.    Localize a ação deste texto no espaço e no tempo.

2.    Indique as duas personagens principais que participam nesta história.

3.    A menina fazia riscos brancos no cimento.

3.1. Que estaria ela  fazendo?

3.2. Para que serviria o que ela estava a fazer no chão?

4.    De vez em quando, a menina deixava de brincar. Por quê?

5.     “…Mas a tarde chegou.”

5.1. Que modificações houve naquela rua, durante a tarde?

5.2. Que fez a menina, então?

6.    A menina foi ter com a mãe e fez-lhe um pedido.

6.1. Qual foi o pedido que a menina fez à mãe?

6.2. Como reagiu a mãe?

6.3. Que gesto teve, então, a menina?

6.4. Com esse gesto, que pretendia a menina dizer à mãe.