Daniela cruzou os braços, à espera. Irão discutir sobre os nazistas, novamente?
- Alguém já decidiu se quer vitamina? – indaga a dona da casa.
- Querem, ela serve. Acabam de tomar, ela recorda:
- Hoje é dia de os homens ficarem na cozinha. Pedro, por favor, tire a louça da mesa e leve para a pia. Nós arrumaremos a sala.
- Teu pai lava louça? – estranha Daniela para a amiga.
- Como não? Só que normalmente o serviço da casa é feito por todos, homens e mulheres juntos. Cada um faz um pouco. Mas aposto que essa noite a mãe inventou agorinha.
- Lá em casa meu pai não ajuda em serviço de mulher.
- E o que é serviço de mulher? – interessa-se seu Murilo.
- Arrumar a cozinha, eu acho.
- Ah, teu pai não faz as refeições com vocês?
- Sim, mas não lava a louça.
- Por quê? Ele não suja a louça que usa para comer?
- Quer dizer . . suja. Suja, mas não lava.
Seu Murilo interrompe o embaraço da menina.
- Deixa, depois conversamos sobre isso. Venha, Pedro: ao trabalho!
- Sobre o que vocês conversam, quando estão à mesa? – pergunta tia Clara.
- Conversamos?
Daniela revê os almoços em sua casa. O pai reclamando do emprego (“Todos uns incompetentes, nem sei de que escola saíram. Só eu trabalho!”), a mãe atenta aos modos dos filhos (“Coma direito! Não enfia tudo na boca de uma vez só! Não fale com a boca cheia!”). Suspirando e sonhando (“Como vou dar conta das contas no fim do mês? Tem o vestido que vi na vitrina, e as empregadas que não param, não se consegue mais nenhuma, elas pedem uma fortuna, fazem tudo errado, a gente tem dar duro sozinha, quem agüenta?”) . Daniela relembra as vezes que tentou conversar, explicar, perguntar. Chega à conclusão de que a confusão em sua casa é maior do que a que encontra em casa da amiga.
- Vocês se falam à mesa? – insiste tia Clara.
- Não, só escutamos. O Carlinhos, a Regina e eu.
- Mas ninguém pode só escutar.
- Lá em casa, sim.
As mulheres dirigem-se para a sala de visitas. Tia Clara pega o crochê.
- Minha avó também faz crochê; quando vai lá em casa, leva o trabalho para adiantar.
- Ela gosta de crochê?
Daniela espanta-se com a pergunta.
- Acho que sim. Ela diz que não devemos ficar com as mãos desocupadas.
- Por quê?
- Não sei . . . A mãe faz tricô.
- E seu pai?
- Ah, ele chega, cansado do serviço, então senta e lê o jornal, janta, escuta o noticiário.
- Sua mãe não trabalha?
- Trabalha. Numa loja – é gerente – e em casa. Eu ajuda na casa, ela não dá conta.
- Seus irmãos ajudam no serviço?
- Só a Regina. O pai diz que serviço de casa é coisa de mulher.
- Sua mãe não se cansa no serviço, no emprego dela?
- Eu não sei . . . Deve cansar, sim, por isso a Rê e eu ajudamos.
- Pois é – fala dona Maria do Carmo. – Teu pai não tem culpa, se não auxilia nos trabalhos de casa. Tua mãe é que precisa dizer pra ele que ela também se cansa, como gerente, que ela é gente como ele. Se ela não exigir a divisão de trabalhos em casa, cada vez mais você três farão tudo sozinhas.
Daniela põe em dúvida a questão: “Lá em casa . . . Acho que não dará certo . . .”
(Maria de Lourdes Ramos Krieger)
1) Onde Daniela se encontra no momento da conversa?
2) Por que Daniela estranha o fato de o pai da amiga lavar louça?
3) Como se sente Daniela diante do interrogatório de seu Murilo? Por quê?
4) Como é o relacionamento dos familiares de Daniela durante as refeições?
5) Na casa da amiga de Daniela, como é o relacionamento familiar durante as refeições?
6) Assinale as características corretas em relação à mãe de Daniela:
a) Adora trabalhos domésticos.
b) Relaciona-se bem com as empregadas.
c) Chama a atenção dos filhos durante as refeições.
d) É muito preocupada com a aparência.
e) Trabalha só em casa.
f) Trabalha dentro e fora de casa.
7) Assinale as características corretas em relação ao pai de Daniela:
a) Considera-se o melhor funcionário da firma.
b) Não ajuda nos trabalhos domésticos.
c) Não tem diálogo com os filhos.
d) É dominado pela mulher.
e) É muito machista.
8) Em que medida, a avó e a mãe de Daniela contribuem para a atitude machista do pai?
9) Na sua opinião, por que para alguns homens é tão difícil aceitar que devem ajudar nas tarefas domésticas?
10) O que você acha dos pais que não conversam com os filhos?
11) Há uma frase muito famosa que diz: “Ser mãe é padecer num paraíso.” Você concorda com essa afirmativa? Comente.
Atividade enviada por Susana Felix para Professores Solidários.
onde posso obter as respostas!!
ResponderExcluirOlá.....
ExcluirVie seu comentário sobre o texto Uma Família tão Comum,gostei muito mas estou com dúvidas nas respostas...vc tem como me ajudar.paulopradoacriano@gmail.com
Olá.....
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Gostaria de comparar as respostas, sou novo como professor e quero tirar uma dúvida. Muito obrigado
ResponderExcluirObrigado Prof.ª Helena! Esse texto me traz boas lembranças!
ResponderExcluirOnde daniela se encontra no momento da conversa
ResponderExcluirOnde daniela se encontra no momento da conversa
ResponderExcluirO texto é ótimo
ExcluirOnde eu encontro o gabarito?
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