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Este blog foi criado para professores de 4º e 5º ano que encontram dificuldades para achar atividades. Algumas são criadas por mim e outras selecionadas dos grupos que participo. Se alguma atividade é de sua autoria me escreva para que dê os devidos créditos. Revise o conteúdo antes de utilizar. Não possuo os gabaritos. Tenho apenas as atividades.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Os três porquinhos e o lobo Lalau

Era uma vez um lobo que vivia sossegado na sua floresta. Chamava-se Lalau e alimentava-se de frutas, mel de abelhas e néctar de flores. É verdade que os lobos são carnívoros, mas Lalau era um lobo diferente. Era capaz, por exemplo, de ficar uma tarde inteira conversando com passarinhos.
Ele perguntava aos passarinhos como estava o tempo lá em cima, se fazia mais frio do que aqui embaixo, se ventava muito, essas coisas sem importância que ninguém se lembra mais de perguntar aos passarinhos.
E assim corria a vida na floresta. Lalau era um lobo feliz. Também os outros animais eram felizes, porque podiam conversar à vontade. Mas um dia chegaram os três porquinhos, gritando alto e fazendo arruaças.
Muitos bichos fugiram, assustados com tanta gritaria, mas Lalau, que era bom e paciente, ficou para receber os novos habitantes da floresta.
Quando os três porquinhos viram o lobo, abriram muito os olhos e começaram a tremer de medo.
-Ih, um lobo! – gritou Palhaço, que queria construir uma casa de palha.
-É mesmo, um lobo – gemeu Palito, que pretendia fazer uma casa de pau.
-Ora, não passa de um lobo velho – resmungou Pedrito, que pensava em fazer uma casa de pedra.
E, isso dizendo, jogou um tomate podre na cara de Lalau.
Lalau ficou muito triste, mas, mesmo assim, ele teve paciência. Depois de limpar a cara, ele olhou bem firme para os três porquinhos e disse:
-Sejam bem-vindos. Sejam bem-vindos.
Pedrito fez uma careta feia e virou as costas. Ele não gostava de lobo. Mas Palhaço, que era muito atrevido, chegou perto de Lalau e puxou-lhe os bigodes. Lalau gritou de dor e uma lágrima rolou pelo seu negro focinho.
Encorajado pelo atrevimento de Palhaço, palito deu um nó no rabo de Lalau, que, aí sim, começou mesmo a chorar. Como eram maus os três porquinhos! Desde esse dia, Lalau passou a ser um lobo triste. Muitas vezes era visto andando pela floresta, protegido pela escuridão da noite. Ele levantava o focinho, olhava para a Lua e uivava como os mais terríveis lobos da Floresta Negra.
Estava tão abatido que Aristóteles, a coruja, ficou com pena dele e reuniu o Conselho dos Animais. Este só se reunia em ocasiões muito importantes. Reunia-se, por exemplo, quando pegava fogo na floresta, quando um bicho brigava com outro, quando chegavam os homens para derrubar as árvores. Mas ele podia ser convocado, também, quando um dos bichos andava triste, pois a ordem naquele tempo era ser feliz. E Lalau não era feliz.
-Isso não pode continuar assim – disse Aristóteles para os outros animais.
-É mesmo, não pode – disse Lalau com lágrimas no canto do olho. – Eu queria tanto ser amigo dos porquinhos.
Depois de muita discussão, os animais decidiram eleger uma comissão de representantes para conversar com os três porquinhos. Foram escolhidos três bichos honestos e pacíficos: Hércules, a tartaruga, Genoveva, a lesma e Andrômaco, o caracol.
E lá foram eles em busca dos porquinhos. Hércules, a tartaruga, disse para Pedrito que Lalau era um lobo calmo e bom. Genoveva, a lesma, disse que Lalau era até poeta, pois andava escrevendo uns sonetos em homenagem ao pôr-do-sol. Andrômaco, o caracol, disse que Lalau era mesmo um artista. Tinha, na sua casa, um ateliê de pintura e uma flauta, na qual tocava polcas e valsas vienenses.
Pedrito, muito desconfiado, como sempre, disse que não podia acreditar naquilo. Mas, depois de muita conversa, os três concordaram em fazer uma visita a Lalau. E assim, vestiram suas melhores roupas e lá foram à procura do lobo.
O lobo estava numa caverna da estrada, alegre e sorridente. Pedrito falou:
-Oi, Lalau, Lalá-uuu.
E Lalau disse: oi.
-Nós gostamos de você – gaguejou Palhaço.
-É, gostamos sim. – repetiu Palito.
O lobo ficou olhando meio de lado, e estendeu as suas mãos peludas para os porquinhos.
-Oh, como estou feliz – disse, arregalando os dentes. – Aproximem-se, aproximem-se.
Pedrito, cada vez mais desconfiado, foi se aproximando devagarinho, mas, de repente, viu que Lalau tinha nos olhos um brilho estranho e mau.
-Fujam, fujam! – gritou ele para os dois irmãos.
E eles fugiram, gritando sem parar. Lalau, com os dentes arregalados, foi correndo atrás. Afinal, desde que os lobos são lobos que eles gostam terrivelmente de carne de porquinhos gordos. Até hoje os animais da floresta não entenderam essa história.
Aristóteles teve de reunir outra vez o Conselho dos Animais, desta vez para declarar o lobo “Inimigo Público número 1” dos animais pacíficos.
-Esse lobo é um neurótico – comentou Hércules, a tartaruga, envergonhada de ter participado da comissão de aproximação entre Lalau e os três porquinhos.
-É, ele não passa de um traidor – disse Genoveva, a lesma.
No meio da floresta, escondido entre as folhas, Lalau, o lobo, observava tudo. Ele olhava para os lados com um risinho muito maldoso no canto do focinho.
-Um dia eu pego esses porquinhos – dizia Lalau, mostrando os dentes – nem que tenha de derrubar o mundo inteiro.
E desde então, Lalau nunca mais foi bom.

(Fonte: EMEDIATO, Luiz Fernando. Os três porquinhos e o lobo Lalau.
Belo Horizonte, Geração Editorial, 2008

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