Bem-vindos!!!!

Este blog foi criado para professores de 4º e 5º ano que encontram dificuldades para achar atividades. Algumas são criadas por mim e outras selecionadas dos grupos que participo. Se alguma atividade é de sua autoria me escreva para que dê os devidos créditos. Revise o conteúdo antes de utilizar. Não possuo os gabaritos. Tenho apenas as atividades.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Caso de canário


            Casou-se havia duas semanas. Por isso, em casa dos sogros, a família resolveu que ele é que daria cabo do canário:
            — Você compreende. Nenhum de nós teria a coragem de sacrificar o pobrezinho, que nos deu tanta alegria. Todos somos muito ligados a ele, seria uma barbaridade. Você é diferente, não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho. Vai ver que nem reparou nele, durante o noivado.
            — Mas eu também tenho coração, ora essa.
Como é que vou matar um pássaro só porque o conheço há menos tempo do que vocês?
            — Porque não tem cura, o médico já disse.
Pensa que não tentamos tudo? É para ele não sofrer mais e não aumentar o nosso sofrimento.
Seja bom; vá.
            O sogro e a sogra apelaram no mesmo tom.
Os olhos claros de sua mulher pediram-lhe com doçura:
            — Vai, meu bem.
            Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar, ele aproximou-se da gaiola. O canário nem sequer abriu o olho. Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo. É, esse está mesmo na última lona, e dói ver a lenta agonia de um ser tão gracioso, que viveu para cantar.
            — Primeiro me tragam um vidro de éter, e algodão. Assim ele não sentirá o horror da coisa.
            Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canário para fora com infinita delicadeza, aconchegou-o na palma da mão esquerda e, olhando para outro lado, aplicou-lhe a bolinha no bico. Sempre sem olhar para a vítima, deu lhe uma torcida rápida e leve, com dois dedos, no pescoço.
            E saiu para a rua, pequenino por dentro, achando a condição humana uma droga. As pessoas da casa não quiseram aproximar-se do cadáver. Coube à cozinheira recolher a gaiola, para que sua vista não despertasse saudade e remorso em ninguém. Não havendo jardim para sepultar o corpo, depositou-o na lata de lixo.
            Chegou a hora do jantar, mas quem é que tinha fome naquela casa enlutada? O sacrificador, esse, ficara rodando por aí, e seu desejo seria não voltar para casa, nem para dentro de si mesmo.
No dia seguinte, pela manhã, a cozinheira foi ajeitar a lata de lixo para o caminhão, e recebeu uma bicada voraz no dedo.
            — Ui!
            Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da silva, com uma fome danada?
            — Ele estava precisando mesmo era de éter — concluiu o estrangulador, que se sentiu ressuscitar, por sua vez.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.
Elenco de cronistas modernos.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1976.



Identifique a principal intenção comunicativa do texto acima.

 (   ) Convencer o leitor de uma opinião.
 (   ) Contar uma história.
 (   ) Descrever aspectos físicos de um animal.

As personagens dessa história estavam às voltas com um grande conflito. Qual era esse conflito.

 Qual a solução encontrada para resolvê-lo?4

 Não foi fácil encontrar essa solução. Transcreva a alternativa que indica o que permitiu encontrá-la.

(   ) Uma argumentação.
(   ) Uma queixa.
(   ) Uma ameaça.

Reescreva as frases, substituindo os termos destacados pelos termos entre parênteses. Faça as alterações de concordância necessárias.

Você é diferente, ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho. (Eu)

As pessoas da casa não quiseram aproximar-se do cadáver. (A família)

Ele precisava de éter — concluiu o estrangulador, que se sentiu ressuscitar. (as pessoas da casa)

Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar, ele aproximou-se do cadáver. (eles)

1 Copie do texto “Caso de canário” o que se pede.

Três palavras trissílabas proparoxítonas.

Duas palavras oxítonas acentuadas.

Produção de texto
Imagine que a personagem do marido no texto de Drummond tenha convencido uma outra pessoa a fazer o “serviço”.

Conte quem era essa pessoa.

Descreva como foi a situação da conversa.

Deixe claros os argumentos que o marido empregou para convencer essa pessoa.

Se possível, faça essa outra pessoa contra-argumentar, rebatendo os argumentos do marido.

Atividade enviada por Susana Felix para Professores Solidários.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, é muito importante!!!