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Este blog foi criado para professores de 4º e 5º ano que encontram dificuldades para achar atividades. Algumas são criadas por mim e outras selecionadas dos grupos que participo. Se alguma atividade é de sua autoria me escreva para que dê os devidos créditos. Revise o conteúdo antes de utilizar. Não possuo os gabaritos. Tenho apenas as atividades.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O Nariz


Era um dentista, respeitadíssimo. Com seus quarenta e poucos anos, uma filha quase na faculdade. Um homem sério, sóbrio, sem opiniões surpreendentes, mas uma sólida reputação como profissional e cidadão. Um dia, apareceu em casa com um nariz postiço. Passado o susto, a mulher e a filha sorriram com fingida tolerância. Era um daqueles narizes de borracha com óculos de aros pretos, sobrancelhas e bigodes que fazem a pessoa ficar parecida com o Groucho Marx. Mas o nosso dentista não estava imitando o Groucho Marx. Sentou–se à mesa do almoço – sempre almoçava em casa – com a retidão costumeira, quieto e algo distraído. Mas com um nariz postiço.
c
TD: Grouxo Marx – Comediante americano que se caracterizou
                                   pela irreverência e pelo humor inteligente.

– O que é isso? – perguntou a mulher depois da salada, sorrindo menos.
            – Isso o quê?
– Esse nariz.
 – Ah. Vi numa vitrina, entrei e comprei.
            – Logo você, papai...
            Depois do almoço, ele foi recostar–se no sofá da sala, como fazia todos os dias. A mulher impacientou–se.
– Tire esse negócio.
            – Por quê?
            – Brincadeira tem hora.
            – Mas isto não é brincadeira.
            Sesteou com o nariz de borracha para o alto. Depois de meia hora, levantou–se e dirigiu–se para a porta. A mulher o interpelou.
            – Aonde é que você vai?
            – Como, aonde é que eu vou? Vou voltar para o consultório.
            – Mas com esse nariz?
            – Eu não compreendo você – disse ele, olhando–a com censura através dos aros sem lentes. – Se fosse uma gravata nova você não diria nada. Só porque é um nariz...
            – Pense nos vizinhos. Pense nos cliente.
            Os clientes, realmente, não compreenderam o nariz de borracha. Deram risadas (“Logo o senhor, doutor...”) fizeram perguntas, mas terminaram a consulta intrigados e saíram do consultório com dúvidas.
– Ele enlouqueceu?
            – Não sei – respondia a recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos. – Nunca vi ele assim.
            Naquela noite ele tomou seu chuveiro, como fazia sempre antes de dormir. Depois vestiu o pijama e o nariz postiço e foi se deitar.
            – Você vai usar esse nariz na cama? – perguntou a mulher.
            – Vou. Aliás, não vou mais tirar esse nariz.
            – Mas, por quê?
– Por que não?
            Dormiu logo. A mulher passou metade da noite olhando para o nariz de borracha. De madrugada começou a chorar baixinho. Ele enlouquecera. Era isto. Tudo estava acabado. Uma carreira brilhante, uma reputação, um nome, uma família perfeita, tudo trocado por um nariz postiço.
– Papai...
            – Sim, minha filha.
            – Podemos conversar?
            – Claro que podemos.
            – É sobre esse nariz...
            – O meu nariz outra vez? Mas vocês só pensam nisso?
 – Papai, como é que nós não vamos pensar? De uma hora para outra um homem como você resolve andar de nariz postiço e não quer que ninguém note?
            – O nariz é meu e vou continuar a usar.
            – Mas, por que, papai? Você não se dá conta de que se transformou no palhaço do prédio? Eu não posso mais encarar os vizinhos, de vergonha. A mamãe não tem mais vida social.
            – Não tem porque não quer...
            – Como é que ela vai sair na rua com um homem de nariz postiço?
            – Mas não sou “um homem”. Sou eu. O marido dela. O seu pai. Continuo o mesmo homem. Um nariz de borracha não faz nenhuma diferença.
 – Se não faz nenhuma diferença, então por que usar?
            – Se não faz diferença, porque não usar?
            – Mas, mas...
            – Minha filha...
            – Chega! Não quero mais conversar. Você não é mais meu pai!
            A mulher e a filha saíram de casa. Ele perdeu todos os clientes. A recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos, pediu demissão. Não sabia o que esperar de um homem que usava nariz postiço. Evitava aproximar–se dele. Mandou o pedido de demissão pelo correio. Os amigos mais chegados, numa última tentativa de salvar sua reputação, o convenceram a consultar um psiquiatra.
            – Você vai concordar – disse o psiquiatra, depois de concluir que não havia nada de errado com ele – que seu comportamento é um pouco estranho...
            – Estranho é o comportamento dos outros! – disse ele. – Eu continuo o mesmo. Noventa e dois por cento de meu corpo continua o que era antes. Não mudei a maneira de vestir, nem de pensar, nem de me comportar, Continuo sendo um ótimo dentista, um bom marido, bom pai, contribuinte, sócio do Fluminense, tudo como era antes.
            – Mas as pessoas repudiam todo o resto por causa deste nariz. Um simples nariz de borracha. Quer dizer que eu não sou eu, eu sou o meu nariz?
            – É... – disse o psiquiatra. – Talvez você tenha razão...
Luis Fernando Veríssimo

            O que é que você acha, leitor? Ele tem razão? Seja como for, não se entregou. Continua a usar nariz postiço. Porque agora não é mais uma questão de nariz. Agora é uma questão de princípios.
1)     No início da história, a filha e a esposa do dentista chegaram a rir do nariz de borracha. Por que aquele nariz era motivo de riso, naquele momento?
Esse tipo de nariz de borracha é uma espécie de brinquedo. No início, o fato de o homem usar um nariz de borracha era divertido; era mesmo uma brincadeira e todos achavam que ele tiraria o nariz em breve.
2)     O nariz transformou-se em um problema. Segundo a visão da filha do dentista, por que o nariz tornou-se um problema?
O nariz tornou-se um problema porque, depois de perceber que a proposta do pai de usar permanentemente o nariz era real, a filha entendia que o pai se tornara o palhaço do prédio e que ela e a mãe passariam vergonha diante das outras pessoas.
3)     Que argumentos o dentista utilizava para provar que o nariz NÃO era um problema?
O dentista insistia na ideia de que ele não mudara em nada. Um simples nariz não tirava dele o homem que ele era: honesto, trabalhador, honrado.
4)     Observe os verbos destacados no trecho a seguir:
A mulher e a filha saíram de casa. Ele perdeu todos os clientes. A recepcionista que trabalhava com ele há 15 anos pediu demissão. (...) Os amigos mais chegados, numa última tentativa de salvar sua reputação, o convenceram a consultar um psiquiatra.
a)     Qual é o tempo dos verbos destacados?
Os verbos destacados estão conjugados no pretérito.
b)     Quais são os verbos que estão flexionados nas formas de PLURAL?
Os verbos que estão flexionados no plural são: SAÍRAM e CONVENCERAM.
c)      Reescreva as frases, de modo que os verbos sejam flexionados na primeira pessoa do plural. Faça as modificações necessárias para que as frases tenham sentido.
·        A mulher e a filha saíram de casa.
·        Nós saímos de casa.
·        Ele perdeu todos os clientes.
·        Nós perdemos todos os clientes.
·        A recepcionista pediu demissão.
·        Nós pedimos demissão.
5)     Observe atentamente esse outro trecho e os verbos destacados.
Era um dentista, respeitadíssimo. Com seus quarenta e poucos anos, uma filha quase na faculdade. Um homem sério, sóbrio, sem opiniões surpreendentes, mas uma sólida reputação como profissional e cidadão. Um dia, apareceu em casa com um nariz postiço.
Os dois verbos estão flexionados no PASSADO.
·        Qual deles nos traz a ideia de que a ação ou o estado se prolonga no tempo?
A forma verbal que traz a ideia de que o estado se prolonga no tempo é ERA.
6)     A- Grife de azul, no texto, um trecho em que a voz de um personagem é apresentada por meio do DISCURSO DIRETO. Há várias possibilidades. Reproduzimos, a seguir, alguns trechos que poderiam ser possíveis respostas.
– Isso o quê?  (Dentista)
– Esse nariz.  (Filha do dentista)
 – Ah. Vi numa vitrina, entrei e comprei.  (Dentista)
 – Logo você, papai...  (Filha do dentista)
B- Reescreva o trecho, apresentando essa voz por meio do DISCURSO INDIRETO. Faça as adaptações que forem necessárias para inserir a voz do narrador.
A construção do discurso indireto foi feita em relação à frase destacada na questão anterior.
O dentista respondeu que tinha visto os óculos numa vitrina e que havia entrado e comprado.
7)     No final do texto, o narrador deixa um convite ao leitor: “O que é que você acha, leitor? Ele tem razão?”
Escreva um pequeno texto apresentando a sua opinião e argumentando para defender sua posição. (O(A) professor(a) entregará a você uma folha de papel almaço para a produção do texto.)
(CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÃO DESTA QUESTÃO: O aluno deixou clara a sua posição? Apresentou argumentos coerentes com a posição defendida? Escreveu o texto com clareza de idéias? Utilizou marcas de pontuação adequadamente? Utilizou a escrita ortográfica?)
Resposta pessoal.
Atividade enviada por David Andrade para Professores Solidários.

3 comentários:

  1. CLAUDIO GOMES
    BOA TARDE ESSAS SUAS ATIVIDADES SÃO MARAVILHOSAS,MAS, VOCÊ TERIA COMO COLOCAR OS GABARITOS DAS DEMAIS ATIVIDADES PARA FACILITAR A CORREÇÃO.PROF. CLAUDIO GOMES

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  2. Claudio, quando eu recebo os textos dos grupos que participo e vejo que são interessantes eu coloco no blog. Mas eles veem sem gabarito, então fica difícil devido ao tempo, que eu elabore os gabaritos.Sei que seria interessante, mas o tempo que teria que dedicar ao blog seria muito grande.
    Agradeço pelo seu incentivo. Continue utilizando o blog sempre que precisar.

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