Se ao menos eu tivesse um skate...Olha! Que cambalhota! Que virada! Ladeira boa essa. Faz uma curva embaixo, engata na outra , dá no barranco e aí... Puxa, que salto mortal!
Não é para menos que esses moleques da cidade vêm para cá, pra base do morro. Tem lugar melhor pra fazer skate?
Eu desço o morro e vou pra cidade, vender bala nas esquinas.
Não vou me queixar. Eu vendo bem. Tenho clientela fixa. Ganhei apelido: Pelé. Pretinho e peladeiro, não dava outra. É... mas acho que mesmo assim, não vai dar para comprar um skate, não.
Se não chego ao fim da escola, não consigo emprego melhor, Será que chego? Escrever, fora meu nome, ainda não aprendi. Ler, bem que venho tentando : tanta coisa bonita nas ruas , cheias de luz e letras coloridas . Qualquer dia, ainda vou saber o que elas dizem. Contar sempre soube. De cabeça. Quando vendo bala nas esquinas ninguém me engana não. Mas no papel é outra coisa. O 2 parece com o 5 . Eu erro. Apago. Erro de novo. Apago. Fica um borrão. Desenhar, eu gosto... mas outro dia, tinha de pintar um desenho de cachorro, já pronto. Eu pintei. Mas aí, me deu uma vontade doida de fazer o meu cachorro. E fui fazendo. E ele foi deixando de ser cachorro e foi virando outro bicho. Nem eu mesmo sabia qual: tinha cara de cachorro, mas o corpo era de macaco e as patas de cavalo e rabo era de porco. Ficou demais. A classe toda se reuniu pra escolher um nome pro meu bicho. Batizamos ele de Cachomacapor. Tá lá pendurado na parede, enfeitando a sala. A professora , acho que não gostou. Disse que esse bicho não existe.
Acho que não levo jeito não, nem pra escrever, nem pra ler, nem pra contar, nem pra desenhar. Pra que será que eu levo jeito?
Se ao menos eu tivesse um skate...Eu ia ser bom nisso! Gingava o corpo, assim. De ponta-cabeça, ó. Um voa-pés, equilibrado numa mão só. E agora, o barranco, o salto, o pulo do gato...Que delícia!
Ué! Que foi ? Tudo parado me encarando. Vão querer briga. Ó o bacana avançando, óh,. To sozinho, mas enfrento.
- Bonita tua capoeira! Não quer fazer um repeteco pra gente, não?
Eu?... O repetente? Repetecar?...Por que não?... Quem aqui conhece essas ladeiras e barrancos melhor do que eu?
Claro! A capoeira é o meu skate. É assim que eu penso, gingo meus sentimentos, bailo a vida.
Todo feiticeiro tem o seu castelo. O morro é o meu.
Todo feiticeiro tem o seu castelo. O morro é o meu.
Lia Zatz
Responda as questões no seu caderno:
1. Quem é o narrador dessa história? Como ele se descreve? Qual a sua idade? Onde mora? Qual sua condição social e suas características pessoais? O que ele gosta de fazer?
2. Diga o que entendeu das frases:
a) Claro! A capoeira é o meu skate.
;b) É assim que eu penso, gingo meus sentimentos, bailo a vida.;;
c) Todo feiticeiro tem o seu castelo. O morro é o meu.
3. Ilustre a história. Pode ser um desenho só ou tipo história em quadrinhos
Legal!
ResponderExcluirO que significa repetecar para Pelé
Queria saber como ele se saia em matematica
ResponderExcluircoco kkkkk
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