Bem-vindos!!!!

Este blog foi criado para professores de 4º e 5º ano que encontram dificuldades para achar atividades. Algumas são criadas por mim e outras selecionadas dos grupos que participo. Se alguma atividade é de sua autoria me escreva para que dê os devidos créditos. Revise o conteúdo antes de utilizar. Não possuo os gabaritos. Tenho apenas as atividades.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Da utilidade dos animais

Terceiro dia de aula. A professora é um amor. Na sala, estampas coloridas mostram animais de todos os feitios. É preciso querer bem a eles, diz a professora, com um sorriso que envolve toda a fauna, protegendo-a. Eles têm direito à vida, como nós, e, além disso, são muito úteis. Quem não sabe que o cachorro é o maior amigo da gente? Cachorro faz muita falta. Mas não é só ele não. A galinha, o peixe, a vaca... Todos ajudam.
— Aquele cabeludo ali, professora, também ajuda?
— Aquele? É o iaque, um boi da Ásia Central. Aquele serve de montaria e de burro de carga. Do pelo se fazem perucas bacaninhas. E a carne, dizem que é gostosa.
— Mas se serve de montaria, como é que a gente vai comer ele?
— Bem, primeiro serve para uma coisa, depois para outra. Vamos adiante. Este é texugo. Se vocês quiserem pintar a parede do quarto, escolham pincel de texugo. Parece que é ótimo.
— Ele faz pincel, professora?
— Quem, o texugo? Não, só fornece o pelo. Para pincel de barba também, que o Arturzinho vai usar quando crescer.
Arturzinho objetou que pretende usar barbeador elétrico. Além do mais, não gostaria de pelar o texugo, uma vez que devemos gostar dele, mas a professora já explicava a utilidade do canguru.
— Bolsas, malas, maletas, tudo isso o couro do canguru dá pra gente. Não falando na carne. Canguru é utilíssimo.
— Vivo, fessora?
— A vicunha, que vocês estão vendo aí, produz... produz é maneira de dizer, ela fornece, ou por outra, com o pelo dela preparamos ponchos, mantos, cobertores etc.
— Depois a gente come a vicunha, né fessora?
— Daniel, não é preciso comer todos os animais. Basta retirar a lã da vicunha, que torna a crescer...
— E a gente torna a cortar? Ela não tem sossego, tadinha.
— Vejam agora como a zebra é camarada. Trabalha no circo, e seu couro listrado serve para forro de cadeira, de almofada e para tapete. Também se aproveita a carne, sabem?
— A carne também é listrada? — pergunta que desencadeia riso geral.
— Não riam da Betty, ela é uma garota que quer saber direito as coisas. Querida, eu nunca vi carne de zebra no açougue, mas posso garantir que não é listrada. Se fosse, não deixaria de ser comestível por causa disso. Ah, o pinguim? Este vocês já conhecem da praia do Leblon, onde costuma aparecer, trazido pela correnteza. Pensam que só serve para brincar? Estão enganados. Vocês devem respeitar o bichinho. O excremento — não sabem o que é? O cocô do pinguim é um adubo maravilhoso: guano, rico em nitrato. O óleo feito com a gordura do pinguim...
— A senhora disse que a gente deve respeitar.
— Claro. Mas o óleo é bom.
— Do javali, professora, duvido que a gente lucre alguma coisa.
— Pois lucra. O pêlo dá escovas de ótima qualidade.
— E o castor?
— Pois quando voltar a moda do chapéu para homens, o castor vai prestar muito serviço. Aliás, já presta, com a pele usada para agasalhos. É o que se pode chamar um bom exemplo.
— Eu, hem?
— Dos chifres do rinoceronte, Belá, você pode encomendar um vaso raro para o living de sua casa. Do couro da girafa, Luís Gabriel pode tirar um escudo de verdade, deixando os pêlos da cauda para Teresa fazer um bracelete genial. A tartaruga-marinha, meu Deus, é de uma utilidade que vocês não calculam. Comem-se os ovos e toma-se a sopa: uma de-lí-cia. O casco serve para fabricar pentes, cigarreiras, tanta coisa... O biguá é engraçado.
— Engraçado, como?
— Apanha peixe pra gente.
— Apanha e entrega professora?
— Não é bem assim. Você bota um anel no pescoço dele, e o biguá pega o peixe, mas não pode engolir. Então você tira o peixe da goela do biguá.
— Bobo que ele é.
— Não. É útil. Ai de nós se não fossem os animais que nos ajudam de todas as maneiras. Por isso que eu digo: devemos amar os animais, e não maltratá-los de jeito nenhum. Entendeu Ricardo?
— Entendi. A gente deve amar, respeitar, pelar e comer os animais, e aproveitar bem o pelo, o couro e os ossos.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Da utilidade dos animais. In: Para gostar de ler. 4ed. São Paulo: Ática, 1979. v.4, p. 17-20)



Vocabulário:
texugo - mamífero de corpo atarracado, cauda curta e pêlos rijos que vive em grandes tocas cavadas no
solo.
vicunha - mamífero da família dos camelídeos encontrado nos Andes do Peru, Bolívia, Argentina e Chile.
nitrato - elemento químico usado em fertilizantes
living - sala de estar
biguá - ave aquática
bacaninhas (gíria) - bonitinhas, elegantes, simpáticas

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
1. No 1o. parágrafo do texto, a professora dá uma aula sobre animais e diz que “é preciso querer bem a
eles”, pois “eles têm direito à vida, e além disso são muito úteis”.
a) Na sua opinião, a fala inicial da professora manifesta uma preocupação ecológica? Por quê?
b) Para justificar seu comentário, ela lembra a importância de alguns animais, como o cão, a galinha,
o peixe e a vaca. Ela é convincente em seus argumentos?
c) Quem foi o primeiro a perceber o discurso contraditório da professora?
d) Procure outras falas de alunos que demonstram perceber a incoerência da professora.
e) O que mostra a conclusão a que chegou Ricardo no final da aula?

. Observe estes comentários da professora:



• “E a carne [do iaque], dizem que é gostosa.”
• “Se vocês quiserem pintar a parede do quarto, escolham pincel de texugo. Parece que é ótimo.”


a) Ela demonstra ter grande conhecimento sobre os animais e familiaridade com eles
b) Que palavras ou expressões confirmam sua resposta anterior?

3. Em sua fala inicial, a professora diz: “Eles têm direito à vida, como nós, e além disso são muito úteis”. Em seguida ela caracteriza alguns dos animais desta forma:  


• “Do pêlo se fazem perucas bacaninhas.”
• “Bolsas, malas, maletas, tudo isso o couro do canguru dá pra gente.”
• “A tartaruga-marinha, meu Deus, é de uma utilidade que vocês não calculam. Comem-se os ovos e toma-se a sopa: uma de-lí-cia.”
• “Você bota um anel no pescoço dele, e obiguá pega o peixe mas não pode engolir.”


ANIMAIS EM EXTINÇÃO

     Por ano, cerca de 5 mil novas espécies de animais passam a fazer parte do triste grupo dos animais que estão correndo o risco de desaparecer  completamente do nosso planeta.
     No Brasil, há 207 espécies nessas condições, entre elas a onça-pintada, o sagüi, a ariranha, o jacaré-de-papo-amarelo, o peixe-boi, o tatu-canastra e o guará. As causas são sempre as mesmas: caça  indiscriminada ou destruição de seu hábitat.

(Fonte: Guia dos curiosos, cit., p. 91-2.)


  
a) Os exemplos confirmam o “direito à vida”, citado  na fala inicial da professora?
b) Pelos quatro exemplos, o que a professora mais valoriza nos animais?
c) Dos exemplos, qual deles contém uma dose visível de crueldade?
d) Todas as formas de utilização dos animais indicadas pelos exemplos levam as espécies à extinção.
Qual delas, entretanto, indica um processo de extinção mais rápido? Por quê?
4. No início da aula, a professora diz que todos os animais ajudam. E a primeira pergunta de um dos
alunos é: “— Aquele cabeludo ali, professora, também ajuda?”.
Posteriormente, depois de vários exemplos e comentários da professora, outro aluno pergunta:

“— Do javali, professora, duvido que a gente lucre alguma coisa.”
.
Observe os verbos destacados.
Essa diferença de verbos revela que o aluno já percebeu o ponto de vista da professora sobre os animais.  Qual é ele?

5. Pelas perguntas e pelos comentários dos alunos, percebe-se que o conceito de ecologia deles não
coincide com o da professora.
a) Por quê?
b) Identifique duas frases dos alunos que comprovem sua resposta anterior.
c) Como a professora reage aos comentários e interferências que os alunos fazem?

6. No fim da aula, a professora conclui sua exposição dizendo: “[os animais] nos ajudam de todas as
maneiras. Por isso que eu digo: devemos amar os animais, e não maltratá-los de jeito nenhum”.
a) A conclusão da professora é coerente:
• com sua fala inicial? Por quê?
• com o desenvolvimento da aula, isto é, com seus exemplos? Por quê?
b) O comentário final de Ricardo deixa clara a contradição da exposição da professora? Por quê?

Atividade enviada por Neiva Teixeira para Professores Solidários.

10 comentários:

  1. Muito Bom.. Será muito útil =)

    ResponderExcluir
  2. Adorei prof. Helena pois meu filho de 11 anos precisou fazer um trabalhinho na escola e foi muito útil... Agradeço o carinho e a preocupação dos profissionais que se preocupam e sempre procuram ajudar de alguma forma...ATT Tatiana F.M

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. oi eu sou a pro helena tati nao tem de quer

      Excluir
  3. ameiiiii!! muito obrigada

    ResponderExcluir
  4. gostei mas queria outras perguntas com resposta do livro de lingua portuguesa da quata serie

    ResponderExcluir
  5. Eu adorei, sou professora e passei essa atividade para os meus alunos. Eu percebi que eles apresentaram muito interesse pelo exercicio. Eu ate dei mais atividades da Neiva Teixeira, e um de meus alunos adorou disse que ele resutou um resultado otimo.
    Recomendo...

    ResponderExcluir
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  7. Trabalhei o texto com uma turma de quarto ano do Fundamental I. Fizemos leitura prévia, interpretação. Levantamos os prós e os contras diante das ideias ambíguas do texto fazendo um apanhado de opiniões alheias. Foi uma maneira que encontrei para trabalhar argumentação com as crianças. Para fechar, organizei um debate dividindo a turma em dois grupos. Fica a dica.

    ResponderExcluir
  8. Li esse texto quando estudava a 7° série em 1990, achei lindo, e de vez em quando leio novamente. Muito legal!!

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário, é muito importante!!!